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Prazer, Erly

  • grupomaespretas
  • 17 de mai. de 2023
  • 1 min de leitura















Desde que me entendo por gente conheço a minha avó. A Dona Erly é uma mulher que perdeu o pai muito jovem, morou com a sua mãe toda a vida, trabalhou muito e após a aposentadoria se descobriu artista, pintora de quadros. Sempre com bom gosto, comidas deliciosas, sempre regeu a família sabendo de tudo que acontecia.


Permaneceu casada por 73 anos e após a morte do meu avô seus hábitos mudaram. Nos questionamos: como alguém com mais de 90 anos poderia mudar sua rotina? Não recordo de estar acordada e minha avó não estar também. Lembranças das reclamações da insônia que sempre a acompanhou.


Prepara café, pensa no almoço, planeja o dia. Sempre acordada. Agora descubro uma avó sonolenta, que dorme até tarde e gosta do descanso. Inevitavelmente me questiono: Este é um hábito novo ou antigo?


Quantas características da vó só irão sobressair e ser vivenciadas agora que ela precisa se preocupar somente consigo mesma?


Sou de uma família que naturaliza o maternar de filhos e maridos. Ainda estou reverberando um xingamento reproduzido pela avó, porque eu não havia lavado as fardas cheias de barro do meu marido. Esse maternar ao longo da vida tem também seu preço. Mães de filhos ou de maridos, dispõe de pouco tempo para vivenciar os seus próprios prazeres.


Por ora, só tenho a agradecer a oportunidade de estar com a Dona Erly. É um prazer te conhecer, vó.

 
 

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