"Nos somos muito fracas"?!
- grupomaespretas
- 11 de set. de 2023
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Tem uma frase que a minha mãe fala muito: “Nós somos muito fracas”.
Ela repete essa frase há anos, em diversos contextos.
Mas o que ela quer dizer com isso? Quem são essa mulheres fracas? E porque?
Fraca foi dona Lourença, minha avó, mãe de minha mãe, que trabalhava por longos períodos em "casa de família", e que quando chegavam os dias de folga, se trancava no quartinho de empregada, mergulhada em depressão, sem conseguir ir pra casa ver os próprios filhos.
Fraca foi dona Juçara, minha mãe, que já adulta e num contexto onde estudar não era uma opção, concluiu o ensino médio e fez o curso de auxiliar de enfermagem, estudos esses que lhe renderam um bom emprego, tornando-a a provedora da nossa família, proporcionando uma aposentadoria minimamente confortável, e o sonho realizado de uma casa de alvenaria com mais de 3 cômodos.
Fraca sou eu, que construo minha independência financeira desde os 16 anos, mobiliando meu quarto com meus próprios recursos quando ainda era adolescente, adquirindo meu apartamento e meu carro na vida adulta, sendo a principal provedora dos meus filhos (assim como minha mãe foi).
Que fraqueza é essa que ela tanto vê em nós e nela mesma? Porque ela não consegue ver nossas conquistas?
São muitas as possíveis respostas, e estruturas alheias a nós são grande parte delas.
A sensação de estarmos sempre atrasadas, dois passos atrás, dando o máximo e colhendo o mínimo, nos é muito familiar, enquanto mulheres negras.
O fracasso em alguns âmbitos das nossas vidas, e aqui destaco o amor, também contribui para que não nos sintamos completamente vitoriosas.
Mas hey, dona Lourença, dona Juçara, Thais, entendam: somos fortes e vitoriosas sim!
A vida nem sempre foi/é justa ou afetuosa conosco, mas isso não tem nada a ver com (falta de) merecimento. Pelo contrário, fosse assim, nós teríamos o mundo!
Momentos de fraqueza não nos fazem essencialmente nem irremediavelmente fracas. Então, alimentemos nosso mutue com palavras doces para nós mesmas. Celebrar nossas potências e quebrar esse ciclo geracional da auto depreciação é pra ontem!