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Preta, você trabalha com o que você gosta?

  • grupomaespretas
  • 29 de jul. de 2020
  • 2 min de leitura















O sonho da minha vida era estudar Direito para ser juíza. Sempre gostei de ler, estudar e argumentar. Quando terminei o ensino médio, tinha começado a trabalhar de carteira assinada há seis meses, em uma loja de roupas de bebê no Moinhos de Vento (um bairro nobre de Porto Alegre). Eu via muitas juízas. mas nenhuma preta.

Ensino básico concluído, precisava “dar jeito na vida” Usei o meu salário de auxiliar de loja para pagar um cursinho, porque consegui 50% de desconto no valor. Eu trabalhava e estudava muito. Fiz isso por dois anos e não passei em Direito na federal. Com isso, a pressão aumentou e eu tive que mudar os planos. Decidi fazer Letras porque um amigo (que já era da área) me incentivou a importância da leitura para exercer essa função.

Organizei a minha vida, por muito tempo, pensando em estratégias para estar presente em lugares que não eram feitos para mim, mulher preta. E sei o quanto muitas de nós não consegue fazer isso, às vezes, em nenhum momento da vida. Justamente por isso proponho essa reflexão hoje. O que, de fato, me faz feliz e como eu posso exercer essa atividade e, com isso, gerar recursos?

Uma coisa é certa: não somos ensinadas a saber do que gostamos. Por inúmeros motivos nós aprendemos a gostar do que é convencional e, o que é pior, do que é imposto a nós, pretas. De um modo geral, somos levadas a gostar daquilo que sobra. Em função dessa imposição social, resultado de uma estrutura colonizada e racista, ficamos com a percepção deturpada sobre nós mesmas e nossos gostos. O que nos leva a não conseguir identificar as nossas habilidades.

Pensar e refletir sobre o que gostamos e sobre o que nos proporciona bons sentimentos faz com que a gente seja mais feliz. Exercer atividades que geram recursos e que, ao mesmo tempo, nos promovam prazer, traz um resultado muito mais efetivo para nós, para as pessoas que amamos e para o mundo. Passamos quase 90% do nosso tempo trabalhando, é fundamental que estejamos satisfeitas. Isso não é só sobre a ideia de “fazer o que gosta para não precisar “trabalhar", é, principalmente, sobre resistir aos padrões que são impostos a nós e poder transmitir exemplos de auto amor aos nossos pequenos.

 
 

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