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Prenderam o cabelo da Ba

  • grupomaespretas
  • 5 de nov. de 2024
  • 1 min de leitura

Atualizado: 27 de fev.



Cheguei na escola para buscar a Ba Kimoyo e ela estava com o cabelo preso.


Seu cabelo foi penteado sem creme e sem ser umedecido. Fazia um grande volume e poucos fios efetivamente presos. Peguei ela no colo respondendo cumprimentos e perguntas cotidianas sobre como havia sido o dia. Coloquei-a no carro e não consegui falar ou pensar em mais nada.


Segui para a outra escola afastando pensamentos de que havia achado o penteado horrível, do que havia feito a professora prender um cabelo que estava penteado em black power. Precisava buscar a Nyanga na outra escola.


Chegando encontrei minha irmã e já com a cara lavada em lágrimas falei:


- Olha o que fizeram com a Ba!


Eu não precisava explicar que me referia ao seu cabelo, eu não precisava explicar o meu choro. Achei o local seguro e desagüei. Prontamente a Andréia segurou ela e soltou o cabelo:


- Por que fizeram isso?


Eu sabia explicar, eu sabia relatar o contexto histórico e social que faz pessoas compreenderem que o cabelo crespo estando solto, está desarrumado. O contexto rAcista de escolas tomadas por profissionais despreparados e que não sabem lidar com a diversidade das nossas crianças.


Mas eu queria somente chorar. As vezes antes de reagir, antes de enfrentar o sistema, precisamos nos aconchegar entre os nossos, entre quem nos acolhe e nos entende para no dia seguinte enfrentar a guerra.



Adriana Centeno, mãe da Ba e cofundadora da Associação Mães Pretas.

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