Gestação na pandemia
- grupomaespretas
- 6 de jul. de 2021
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Em maio de 2020 com três meses de isolamento minha menstruação atrasou. Não bastando todos os medos e receios, entrei para o grupo de risco da pandemia. Comunicava as pessoas sobre o aumento da nossa família recebendo os olhares de medo e angústia de quem teme uma gestação em um contexto de mortes diárias, inclusive de gestantes.
Ouvi que estar grávida naquele momento seria uma inconsequência e compreendo o que esta pessoa me advertia, mas a vida já crescia dentro de mim. A maternidade quando nasce no nosso ventre e no nosso peito é um caminho sem volta.
Não tem contexto mundial que retroceda a mãe que cresceu junto com aquela barriga. As mais terríveis notícias sobre o destino de gestantes infectadas, de bebês sem respiradores, de puérperas sem seus bebês, nada disso me fez desejar menos a criança que crescia dentro de mim. E assim segui, sentindo falta da festança que seria o chá de bebê, com nossa família e amigos celebrando a nova chegada. Sem o afago físico, com isolamento, consultas médicas solitárias, exames cheios de protocolos, seguimos.
O receio sobre o parto hospitalar tão próximo da emergência lotada de pessoas infectadas, o parto, o nascimento, sorrisos ocultos por trás de máscaras. O choro engasgado.
Se você que me lê ainda se encontra nessa travessia: TENHA FORÇA. Vai dar tudo certo, seja positiva, fique próxima de quem te fortaleça! Nossa gestação não foi no melhor momento, não foi como desejávamos, mas ela trouxe esperança. Esperança de criar um lugar melhor, esperança de superar um período tão sombrio, esperança de viver. Não se sinta constrangida de celebrar a vida. Celebrar a vida de um filho é o que nos fará chegar até o final dessa jornada.