Eu não sou "Pãe"
- grupomaespretas
- 13 de ago. de 2023
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Dia dos Pais chegou e nós, mães que criamos nossas filhas sem a presença da contraparte genitora, somos muitas vezes chamadas de “pai e mãe”, de “pãe” e temos exaltadas nossas guerreiras qualidades, na forma de elogios. Por inocência ou hipocrisia, reforça-se o estereótipo que desumaniza corpos de mulheres-mães, de mães-solos. Entendam de uma vez por todas: ser mãe basta.
A maternidade é uma carga suficientemente pesada. Suficiente pois, felizmente, se aqui estamos – ainda que feridas – é porque conseguimos carregar. Não, nossas filhas não são fardos. A maternidade, em uma sociedade estruturalmente racista e machista, é. A data, comercial ou não, com tudo o que ela implica, não nos pertence.
A maternidade é solo. Solo fértil que gesta e desenvolve nossas crias a partir de raízes firmes, que no entanto não as limita, podendo impulsioná-las para alcançar o mais alto que puderem, que quiserem. Solo que escolhe ficar, acolher, gestar. Que assume por si – e não por dois – gestar e/ou gerir uma vida. Aquele que escolhe se ausentar, arcará com as consequências de sua escolha. Eu sei das minhas. E a minha é ser mãe, com muito orgulho, com muito amor e com muita, muita luta.
Como mãe-solo-aquilombada, escolho seguir sendo gente, humana e não heroína, não duas pessoas em uma, não pai e mãe. Então, agradeço muito por reconhecer meus esforços na maternidade, mas ser mãe me basta. Não sou nem pretendo ser “pai e mãe”. Eu não sou pãe!