E o cachê da mãe preta?
- grupomaespretas
- 10 de abr. de 2023
- 1 min de leitura

Tempos atrás recebi da @dp.soares uma postagem sobre o recebimento de cachê para realizar atividades no mês de novembro. Conversa vai, afirmei em voz alta algo que a muito me incomoda.
Nunca recebi um cachê pelas atividades que participei, nunca!
Mesmo tendo anos de investimento em livros caros, grupos de estudo, textos e mais textos, cursos e uma significativa vivência enquanto uma mulher negra retinta e consciente, os espaços seguem acreditando que minha fala não tem valor financeiro.
Por muito tempo pensei que falar nesses espaços (pretos) não me custava, era um serviço ao meu povo.
Depois que me tornei mãe e falar nesses lugares passou a custar, no mínimo, o tempo que deixo de estar com minhas filhas, acreditei que um cachê não caberia, pois não tenho os milhões de seguidores ou o título acadêmico.
Não me envergonho de ter falado gratuitamente ao longo destes anos (e, inclusive, posso seguir falando), mesmo em eventos que eram financiados e que proporcionaram cachê para outros nomes que contribuiram tanto ou menos do que eu.
Teve sentido pra mim estar naquela situação, mas para pessoas que estão monetizando o conhecimento alheio, faz sentido não ofertar o justo preço para que pessoas pretas cresçam junto contigo?
O não recebimento de cachês das pessoas pretas fala muito mais sobre o propósito de quem faz a oferta do que sobre quem as aceita.