Difícil é permanecer juntos

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Minha irmã tem uma frase que ela sempre afirma quando falamos sobre casais que estão se separando. Ela diz: “É fácil se separar, difícil é permanecer juntos!”

Eu demorei muito tempo para entender o que ela dizia, considerando que ela casou antes de mim, mas quando entendi, nada fez mais sentido. Manter um relacionamento exige muito mais que paciência.

Exige disposição e vontade, exige abrir mão de um mundo líquido e descartável de amigas que comentam sobre nudes, aplicativos e uma vida que parece bem mais agitada e interessante.

O mundo se atualiza e se liberta da ideia de que necessitamos de um par para sermos bem sucedidas. Bem sucedido é quem é livre.

Permanecer junto em relações que já parecem antiquadas, onde todos comentam sobre poligamia e não monogamia. Ter um relacionamento de 20 anos, com amigas contando sobre a mais nova casa noturna de Salvador, sobre o direct do gato de outra cidade que irão encontrar em Santa. É difícil permanecer junto quando a relação mais cerceia do que liberta. Quando sinônimo de liberdade é variedade, ausência de rotina.

É difícil permanecer junto quando as dores do outro chegam como um tsunami levando tudo que encontram pelo caminho. Afinal, quem escolhe permanecer junto? Afinal existe felicidade para quem escolhe permanecer?

Na contramão da Apple eu permaneço há muitos anos com o mesmo telefone. Mesmo com um novo lançamento, achando incríveis as novas funções, eu escolho que o aparelho que tenho, me satisfaz.

Não que não ache o novo legal ou até mais bonito, mas são escolhas e escolhas também podem trazer felicidade. Escolher se divertir com os nudes e a variedade ou escolher a rotina de prazer de quem já conhece meus atalhos.

A possibilidade de escolher, por si só, é a felicidade.