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A velhice da Vovó

  • grupomaespretas
  • 26 de abr. de 2023
  • 1 min de leitura















Como na minha família sempre convivemos com pessoas idosas, a velhice sempre foi pauta de conversas e planejamento. Mas somente compreendi que minha mãe havia se tornado uma idosa, quando o irmão dela (dois anos mais velho), faleceu. A morte dele aproximou muito a ideia de morte para minha mãe, tão ativa e jovial.


A tia Zaida (ela não gosta de ser chamada de senhora) ficou viúva muito cedo e aprendeu a definir sua rotina corrida com a autonomia e independência de qualquer mulher solteira. Não temos o menor controle dos horários dela, são cursos, aulas, passeios e viagens que ela somente nos comunica. Busca netos na escola, organiza médicos da minha avó, aconselha amigos, aproxima a família através de encontros com as primas.


Saindo da minha casa que fica em uma rampa, ela escorregou e caiu. Rasgou a calça e machucou o joelho. Alertei sobre o sapato inadequado para a sua idade, quando na verdade refletia sobre a inadequação da sua rotina como um todo. A ocasião da queda ocorreria quando ela saía apressada da minha casa (veio para ajudar com os preparativos da festinha da Ba) e ia buscar a minha avó para que ela participasse da festa.


Quando reflito sobre a velhice da minha mãe, reflito sobre o quanto estamos despreparadas para deixar partir quem possibilita todo movimento às nossas rotinas. Quem irá dar conta das coisas que ela se responsabiliza? Será que enquanto filhas de uma mãe preta estamos prontas para a sua ausência?


 
 

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