A solidão da mãe preta
- grupomaespretas
- 6 de jan. de 2022
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Rolando o feed descobri que uma amiga que tenho muito afeto e considero muito próxima estava celebrando um grande momento na sua vida. Fiquei desnorteada ao pensar em qual momento ou o que poderia ter feito para não estar entre o seleto grupo de amigas que compartilham sua felicidade naquele momento.
O não convite para aquela celebração me fez chorar uma solidão que a tempos não me visitava, mas que fica à espreita aguardando um momento para me invadir e lembrar que a escolha de me tornar mãe tem um preço alto.
Tive uma infância solitária. Minha mãe sempre afirma o quanto minha filha, assim como eu, tem facilidade em permanecer muitas horas brincando sozinha. E a solidão na maternidade me abduz para aquela menina negra brincando solitária.
Sempre chamo a culpa para ser minha companheira nesses momentos, rememorando falas e atitudes que me afastaram da amiga. Será que não fui boa o suficiente? Será que ter uma amiga em puerpério é um fardo pesado demais? Nutrir amizades após a maternidade tem sido um exercício cansativo do qual vinha me orgulhando do meu desempenho. É lembrar de um aniversário após uma madrugada exaustiva amamentando, é se manter interessada sobre crushs e nudes que as amigas recebem entre gritos pedindo por Nescau, é correr para o Happy Hour depois de semanas alinhando quem vai buscar a filha na escola. Estava me achando muito boa nessa maratona até as fotos do evento que não fui convidada.
Óbvio que existem ciclos que se encerram, que as pessoas naturalmente se afastam e ok. Só lamento estar tão imersa a ponto de não ter me atentado a tempo de reaproximar alguém que é muito cara a mim.