A mãe, ela e a mesma saúde
- grupomaespretas
- 16 de ago. de 2023
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Não gosto de hospital. Nunca gostei. Quando criança essa palavra sempre me assombrou. H-O-S-P-I-T-A-L.
Lembro que ela vinha seguida de dias de sofrimento e de choro na casa onde cresci.
Hoje, adulta, estudiosa do racismo estrutural, compreendo exatamente o que acontecia: meus familiares, negros, sem acesso a serviço de saúde só procuravam o hospital em situações muito críticas e quando chegavam neste espaço nem sempre venciam a batalha.
Então, no meu imaginário infantil, hospital ficou sendo sinônimo de perder durante muito tempo. Quis o destino que essa semana eu caísse doente. A primeira enfermidade mais grave após o parto, com uma criança de 1 ano e 7 meses em casa.
Escrevo essas linhas depois de dias deitada, insone, com dores. Fui ao hospital? Não fui. Mesmo com acesso mais facilitado aos serviços de saúde, não fui procurar atendimento. Mas refleti. Refleti muito. Sobre meus hábitos, minha alimentação e meu modo de levar a vida.
Não tive um tempo de calmaria na convalescência porque a maternidade não deixou, férias escolares, criança com energia. Só consigo pensar que tenho medo de não ter essa mesma energia para cuidar deste guri travesso que já anda e bagunça a casa.
Não por acaso essas reflexões chegam agora em agosto, mês de Omulu. Orixá que me ensina a guardar silêncio, a me observar e a cuidar do meu corpo físico aqui na Terra.
Pensar na nossa saúde com responsabilidade é um ato de revolução. E por aí, mãezinhas: já se cuidaram hoje?